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No nosso intestino vivem triliões de células bacterianas, constituindo o que se designa de Microbioma. O Microbioma Intestinal tem um papel fundamental na nossa saúde e bem-estar, contribuindo para a manutenção do sistema imunitário, prevenindo infecções e ajudando na digestão dos alimentos, sintetizando nutrientes essenciais como as vitaminas K e B12 e alguns aminoácidos.
O estilo de vida agitado e sujeito a elevados níveis de stress, má alimentação ou determinados tratamentos com antibióticos podem alterar o Microbioma Intestinal, causando um desequilíbrio nos diversos tipos de microrganismos que habitam no intestino. Na maioria dos casos clínicos, os sintomas não são graves, mas afetam a qualidade de vida.
Assistimos a um crescente interesse pela gestão da saúde, evitando a doença e optimizando o bem-estar e performance pessoal. A aposta na medicina personalizada, centrada no genoma, tem evoluído significativamente permitindo uma gestão personalizada da saúde.
O GutHealth®️ é um teste laboratorial que ao utilizar a abordagem de nova geração (NGS - Next Generation Sequencing) para caracterizar o ADN das bactérias intestinais, identifica e quantifica mais de 95% das bactérias, contrastando com os 30% identificados por abordagens tradicionais. Além de identificar as bactérias, o teste indica quais estão em falta ou em excesso e ajuda o médico assistente ou o nutricionista a propor alterações específicas ao estilo de vida do paciente. O GutHealth®️ possibilita assim uma análise personalizada do Microbioma Intestinal, avaliando alterações que podem causar inflamação, estado de proteção imunológica, saúde da mucosa e o pH do ambiente intestinal. Ajuda a perceber quais os alimentos que facilitam a digestão, diminuindo a ocorrência de inchaço, dores abdominais, obstipação e diarreias, prevenindo quadros clínicos de obesidade, a diabetes, a obstipação e o desconforto intestinal, bem como os suplementos alimentares mais adequados culminando na definição de uma dieta personalizada que vai ajudar a melhorar o bem-estar individual.
O GutHealth®️ é um exame completo, essencial e fiável e está especialmente indicado para indivíduos que apresentem alterações digestivas, patologias sistémicas crónicas relacionadas com a disbiose intestinal, obesidade e/ou doenças metabólicas como Diabetes Mellitus 2, dislipidemia, hipertensão e com patologias gastrointestinais, diarreia por uso de antibióticos, doença inflamatória intestinal, síndrome de intestino irritável e cancro do colon.
Realizado a partir de uma simples amostra de fezes (colhidas através de um kit disponibilizado num dos postos de colheita do grupo Germano de Sousa), com recurso a técnicas laboratoriais especializadas de patologia clínica, com valência de patologia molecular e de genética, são quantificadas as bactérias com maior relevância no Microbioma Intestinal. O relatório com os resultados é disponibilizado num prazo de 15 dias.
Nas parasitoses intestinais, os parasitas mais comuns são do grupo dos helmintos nematodes, com principal destaque para o Ascaris Lumbricoides, o Trichuris Trichiura e os Ancilostomas.
O Ascaris Lumbricoides tem maior prevalência em indivíduos malnutridos residentes em países com condições de saneamento básico precárias. A infeção ocorre por ingestão de vegetais ou fruta contaminada que não foi cuidadosamente lavada, descascada ou cozida. Os ovos infeciosos são ingeridos e as larvas iniciam um processo de migração, desde o intestino até aos pulmões. A obstrução intestinal alta é a complicação mais frequente. A migração dos vermes adultos através da parede intestinal pode provocar colecistite, pancreatite ou peritonite.
O Trichuris Trichiura é o terceiro parasita mais comum, sendo frequente em países com clima tropical e baixas condições sanitárias. Em infeções ligeiras o doente é geralmente assintomático. Nas infeções graves (sobretudo nas crianças) os sintomas mais frequentes são diarreia, desconforto abdominal e disenteria. Enquanto o parasita Ascaris Lumbricoides habita o intestino delgado, o Trichuris Trichiura desenvolve-se no intestino grosso.
A Ancilostomose é uma parasitose intestinal, com quadro clínico predominantemente gastrointestinal, provocada pelos nematodes da família Ancylostomidae: Ancylostoma duodenale ou Necator americanus. A contaminação ocorre pelo contato direto da pele dos pés com o solo contaminado ou por ingestão acidental da larva presente no ambiente através de mãos contaminadas. Antes do verme chegar ao intestino os sintomas são leves. No local de penetração do verme na pele pode surgir uma erupção cutânea pruriginosa, seguida de febre, tosse, dor abdominal, perda de apetite e diarreia. As infeções crónicas graves podem causar perda de sangue e anemia que às vezes é grave o suficiente para causar fadiga e, ocasionalmente, insuficiência cardíaca.
O teste de pesquisa destes parasitas é realizado a partir de uma simples recolha de fezes em recipiente próprio, o que poderá ser feito com facilidade em casa pelo doente, sendo entregue posteriormente no Laboratório. O único requisito adicional é a exigência de se recolher três amostras de fezes, idealmente em dias alternados.
Em determinados casos é possível visualizar diretamente os parasitas nas fezes, o que facilita o diagnóstico. Nos restantes, é necessário apoio laboratorial. A observação ao microscópio de diferentes preparados de fezes permite a deteção dos ovos, quistos ou de parasitas. Com frequência, este tipo de exame tem de ser repetido em diferentes períodos de tempo, porque os parasitas apresentam ciclos de vida diversos e intermitentes.
Uma vez identificado o parasita que está na origem da infeção, o tratamento é simples e regra geral eficaz, conseguindo-se a eliminação do parasita na grande maioria dos casos clínicos.
As parasitoses intestinais constituem um problema de saúde pública a nível mundial. Com a melhoria das condições de higiene, a sua prevalência na população portuguesa foi diminuindo progressivamente, atingindo números que não são preocupantes, mas que continuam a ter um peso importante nos distúrbios do foro gastro-intestinal, com sintomatologia de gravidade variável.
As parasitoses intestinais são infeções do aparelho gastrointestinal causadas por parasitas. Estes englobam organismos de tamanho e características muito diferentes, desde microrganismos (que apenas se conseguem visualizar ao microscópio) até parasitas maiores.
A infeção é habitualmente causada por via fecal-oral, ou seja, através da ingestão de larvas e ovos presentes em solos, alimentos e águas contaminadas e pela lavagem incorreta das mãos.
Os grupos mais afetados são as crianças, doentes com defesas diminuídas (como pacientes imunodeprimidos por transplantação, infeção por VIH ou terapêuticas imunossupressoras) e viajantes que regressam de países com menor índice sanitário.
A maioria das parasitoses intestinais é bem tolerada pelo paciente quando as suas defesas são normais, evoluindo sem queixas ou apenas com sintomas gastrointestinais inespecíficos, como dor e obstrução abdominal, vómitos, diarreia e febre, frequentemente associadas a perda de peso. Os sintomas dependem da espécie infestante, podendo o doente ser assintomático. Uma parasitose intestinal grave em crianças pode conduzir a um estado de deficiência nutricional, ao atraso no crescimento e a um mal-estar geral.
A infeção causada por cada parasita pode apresentar aspetos particulares, permitindo orientar o diagnóstico, que é concretizado com a análise laboratorial de amostras de fezes.
A Doença de Crohn e a Colite Ulcerosa são Doenças Inflamatórias Intestinais e representam um grupo heterogéneo de patologias crónicas, de etiologia desconhecida e evolução variável.
A Doença de Crohn define-se como um processo inflamatório crónico que afeta um ou mais segmentos do tubo digestivo, enquanto a Colite Ulcerosa atinge o reto, estendendo-se continuamente, podendo atingir a totalidade do colón.
Estudos epidemiológicos comprovam o aumento das Doenças Inflamatórias Intestinais. O seu diagnóstico depende de critérios clínicos, radiográficos, endoscópicos e laboratoriais. Cerca de 4 a 5 dos doentes com Doenças Inflamatórias Intestinais podem ser diagnosticados apenas pela pesquisa da presença de autoanticorpos no soro.
No diagnóstico das Doenças Intestinais são realizados essencialmente os exames laboratoriais: Hemograma, Velocidade de Sedimentação, Proteína C Reativa, Ureia, Creatinina, Ionograma, Trasaminases (ALT/AST), Fosfatase Alcalina, Gama Glutamil Transpeptidase (GGT), Bilirrubina, Urina tipo II, Coprocultura, Siderémia, Ferritina, Transferrina, Vitamina B12 e Ácido Fólico. O Hemograma funciona como um painel de testes que examina diferentes constituintes do sangue, sendo assim uma análise clínica essencial no despiste de infeções, enquanto a Proteína C Reativa é uma proteína produzida na mucosa intestinal e presente no sangue em resposta à inflamação em fase aguda. A Siderémia e a Transferrina visam detetar uma eventual carência de ferro, que pode tornar a função dos glóbulos vermelhos pouco eficiente e a Coprocultura, exame realizado às fezes, verifica a presença de sangue ou bactérias. A Urina tipo II permite uma avaliação quantitativa das substâncias na urina e observar ao microscópio microrganismos e outras células da urina como glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e células epiteliais.
Testes laboratoriais complementares podem auxiliar no diagnóstico difícil entre a Doença de Crohn e a Colite Ulcerosa, mas geralmente não se realizam como rotinas. Os anticorpos frequentemente utilizados nestes testes complementares são os anti citoplasma de neutrófilos (pANCA) e os anti-Saccharomyces cerevisiae (ASCA) e assim poucos são os pacientes que permanecem com diagnóstico inconclusivo.
Os anticorpos ASCA são detetados em 40 a 60% dos pacientes com Doença de Crohn e em 5 a 15% dos pacientes com Colite Ulcerosa. Estes anticorpos são altamente específicos no diagnóstico da Doença de Crohn, com taxas de diagnóstico de 89 a 97% e a combinação com os PANCA resulta numa alta especificidade na deteção da Colite Ulcerosa. Os anticorpos anti-Saccharomyces cerevisiae (ASCA) prevalecem mais significativamente nos doentes com Doença de Crohn, comparativamente com os doentes com Colite Ulcerosa. Estudos revelam que a presença de IgG ou IgA ASCA tem uma especificidade elevada para a Doença de Crohn.
Os anticorpos anti citoplasma de neutrófilos (PANCA) são encontrados em 70% dos pacientes com Colite Ulcerosa e apenas em 20% dos indivíduos com Doença de Crohn. A presença de ASCA e ausência de PANCA suporta o diagnóstico de Doença de Crohn.
Também específico no diagnóstico da Doença de Crohn é o Anticorpo Anti Pâncreas Exócrino, que reage com antigénios presentes no suco pancreático e são encontrados em cerca de 30 a 40% dos doentes com esta doença. Na Colite Ulcerosa deve ser considerado no diagnóstico o Anticorpo Anti Células de Globet (GAb), altamente específico para a doença.
A Doença Inflamatória Intestinal consiste na inflamação crónica do intestino, provocando frequentes e recorrentes cólicas abdominais e diarreia. Estima-se que esta doença afete cerca de 15000 pessoas em Portugal, tendo-se observado nos últimos anos um aumento da sua incidência. Não existe causa aparente para o desenvolvimento desta doença, mas defende-se que na sua origem está a interação de causas multifatoriais, como a genética e a resposta imune do próprio indivíduo.
A Doença Inflamatória Intestinal pode ser dividida em dois grupos: a Doença de Crohn e a Colite Ulcerosa. A primeira caracteriza-se pela inflamação crónica do intestino delgado no seu segmento terminal e tem como sintomas mais comuns diarreia, cólicas, dor abdominal, febre, sangue, muco visível nas fezes, perda de peso e pode ainda dar origem a lesões na região perianal. A Colite Ulcerosa afeta a mucosa que reveste o intestino grosso. A mucosa inflamada apresenta pequenas feridas na superfície chamadas úlceras, que podem sangrar e os principais sintomas são emissão de fezes sanguinolentas, dor tipo cólica abdominal e necessidade urgente de evacuar.
O diagnóstico da Doença Inflamatória Intestinal é realizado com recurso a exames endoscópicos, (endoscopia e colonoscopia), exames imagiológicos (tomografias e radiografias do intestino), mas também recorrendo a exames laboratoriais (análises clínicas ao sangue e fezes).
A Medicina Laboratorial desempenha um papel importante no diagnóstico, onde os exames realizados ajudam no despiste dos diferentes tipos de doenças inflamatórias intestinais. As análises ao sangue revelam uma contagem elevada de glóbulos brancos ou outros sinais de inflamação e podem igualmente demonstrar a presença de anemia, isto é, um número reduzido de glóbulos vermelhos e de hemoglobina. Simultaneamente, revelam a presença de anticorpos no sangue das pessoas com Doença de Crohn, ajudando a distingui-la da Colite Ulcerosa.
No que respeita à cultura das fezes, esta inclui a pesquisa de sangue oculto, permitindo detetar a presença de pequenas quantidades de sangue devido à irritação dos intestinos e assegura que os sintomas não são causados por uma infeção.
Outro método de diagnóstico da Doença Inflamatória Intestinal é através da Biópsia. Realiza-se a partir da remoção de uma pequena amostra de tecido do revestimento do intestino e o material é examinado num laboratório para identificar a presença de sinais de inflamação. É assim muito útil para confirmar a Doença de Crohn e para excluir outras doenças.
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